quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A ORGANIZAÇÃO SOCIAL: O SURGIMENTO (E O PAPEL) DO ESTADO E A FORMAÇÃO SOCIOECONÔMICA BRASILEIRA.

Pensar em como os seres humanos vêm se estruturando em sociedade construindo alternativas para sua sobrevivência, bem como o modo como se constituem e se transformam as relações sociais, econômicas e políticas é um objeto de estudo muito instigante. Especialmente no âmbito das especializações profissionais que atuam junto aos processos societários, como o Serviço Social, a construção do conhecimento implica no reconhecimento das correntes teóricas explicativas da realidade social. O materialismo histórico e as categorias marxistas se colocam como opções para desvendar o movimento da sociedade, buscando identificar as relações e contradições estabelecidas entre os agentes sociais.

Reconhece-se, atualmente, que os atuais processos econômicos e sociais apresentam situações históricas inéditas que vem desafiando diversas áreas disciplinares para sua qualificação. O presente trabalho é uma tentativa de aprofundar a compreensão sobre os esquemas atuais de proteção social, que tem evidência no desmantelamento das políticas sociais estatais e na entrada em cena das organizações empresariais e do Terceiro Setor. Para tanto, buscar-se-á na concepção de produção e reprodução social marxista a base para a interpretação da sociedade capitalista contemporânea e a inerente produção e reprodução da questão social e suas formas de enfrentamento reguladas pelo Estado nesse início de século.

Num contexto onde as lutas reivindicatórias cedem espaço para ações solidárias, a face contraditória do Estado, nas suas relações entre as classes, pode ser questionada quando a reprodução desta forma societária é tencionada pela exacerbação do caráter burguês do Estado em detrimento de sua orientação pública.Num contexto onde a lógica financeira é incentiva fora do compromisso com a produção, sua coexistência com o trabalho livre, considerado na continuidade da apropriação privada dos meios de produção, evidencia o acirramento do contraste de crescente parcela de despossuídos que precisam engajar-se na produção material para suprir as carências da reprodução da sua vida.

Soma-se a estas condições, o desmonte dos esquemas de proteção social estatais que atuam na reprodução da força de trabalho, conduzindo a formas mercantilizadas e filantrópicas de serviços sociais, reforçando o fetiche da mercadoria e evidenciando o capital como eixo central e insuperável.

A sociedade precisa das condições materiais para a produção e reprodução de sua existência, cabe, agora, acordar do imobilismo político que mantém, como diria Gramsci, o grupo subalterno na fase do primitivismo.