terça-feira, 19 de outubro de 2010

Lojista ganha isenção no aluguel de máquina de cartões de crédito

A gerente Ruth Zychar não perde tempo quando o assunto é diminuir os custos da loja de móveis e presentes na qual trabalha, no bairro de Santana, zona Norte de São Paulo. Um dia depois do fim da exclusividade entre Cielo e Visa no mundo dos cartões de crédito e débito, há cerca de três meses, ligou para suas credenciadoras para conseguir melhores condições. Eduardo Sadao Fujimori, dono de uma loja de armarinhos e outra de tecidos no bairro do Limão, também na Zona Norte da capital paulista, não foi tão rápido, mas também conseguiu seus descontos.

Foto: Guilherme Lara/Fotoarena

Quando soube da mudança nas regras dos cartões, Ruth negociou condições melhores para sua loja

Ruth e Eduardo mostram que a nova realidade no credenciamento de cartões de crédito e débito começa aos poucos a melhorar a vida dos donos de empresas de varejo. Tamanho do negócio e vontade de batalhar por custos menores são fundamentais nessa mudança. Ruth, que vende produtos maiores e mais caros, tinha uma máquina Cielo e outra Redecard. Manteve as duas, com descontos em ambos os casos.

“Tanto na Redecard, quanto na Cielo, eu pagava R$ 90 por mês pelo aluguel das máquinas”, conta a administradora. “Ao renegociar, consegui isenção na Redecard, em troca de um gasto mínimo de R$ 6 mil por mês nas compras, e isenção por seis meses na Cielo, sem contrapartida de gastos. Depois desse período, pagarei R$ 39 por mês.”

Ruth também teve descontos nas taxas de administração. As operações de crédito via Redecard caíram de 3,4% do valor total da compra para 2,8%. Na Cielo, a redução foi de 3,6% para 2,8%. A empresária optou por manter ambas as máquinas por uma questão de segurança operacional. “Às vezes, um cartão está momentaneamente fora do ar, então utilizo o outro sistema.”

Já Eduardo, donos das lojas de armarinhos e tecidos, tinha quatro máquinas, duas de cada empresa, e acabou ficando com apenas duas, da Redecard. “A Cielo não me ofereceu descontos”, afirmou. Por ter um negócio menor, o empresário também não conseguiu descontos no aluguel das máquinas, e paga R$ 82 por unidade, por mês.

Agora apenas com a Redecard, as taxas de administração no crédito parcelado para Eduardo caíram de 4,3% para 3,2%. No débito, a redução foi de 2,5% para 2,2% do valor da compra. “A negociação vale por dois anos. Nesse tempo, não posso mudar os termos”, disse.

Empresa procura cliente

Marcel Solimeo, economista-chefe e superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), conta que a concorrência também está fazendo as empresas procurarem mais os clientes, oferecendo melhores condições. “A situação não vai mudar da noite para o dia, mas já há casos de renegociações com preços melhores para os comerciantes”, diz.

Segundo ele, muitos lojistas ainda estão esperando o fim do ano, com a chegada das vendas de Natal, para decidir o que fazer com suas máquinas. Antes, o comerciante precisava ter uma máquina da Cielo se quisesse passar a bandeira Visa, e outra da Redecard para Mastercard. Agora, qualquer máquina passa qualquer cartão. “Os comerciantes estão aguardando para ver. Alguns testam a possibilidade de manter duas máquinas, para facilitar o atendimento”, afirma.

Solimeo ficou satisfeito com as mudanças, mas acredita que o resultado mais importante do processo não é a queda de taxas, e sim o aumento da concorrência, com a entrada de novos operadores. “A maior barreira era física, era a criação de uma rede para atender todo o País. A flexibilização ajuda nesse caminho.”

Fonte: IG